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O que faz o boi soltar menos gases que levam ao efeito estufa? Conhe?a as técnicas usadas em Mato Grosso

O Brasil é o maior exportador de carne do ?aastéadventure cassinoplaneta e tem o segundo maior rebanho bovino do mundo, depois da índia. S?o 234 milh?es de cabe?as de gado, mais boi do que gente (o Brasil tem 215 milh?es de habitantes).

Mas esses recordes também colocam o país no centro do debate sobre o aquecimento global ??. E um dos motivos tem a ver com o arroto do boi.

Isso porque, no seu processo de digest?o, o gado produz o metano (CH4), um dos principais gases que contribuem para o aquecimento da atmosfera.

'PF: prato do futuro': nova série do g1 mostra solu??es para desafios da produ??o de alimentos

Há pelo menos 50 anos, pesquisadores brasileiros estudam formas de produzir carne de forma mais sustentável. A série "PF, prato do futuro", do g1, foi até Mato Grosso, onde está o maior rebanho bovino do Brasil, para mostrar as solu??es aplicadas pelos produtores da Liga do Araguaia.

Essas técnicas fazem com que menos gases poluentes sejam liberados no ar e também combatem o desmatamento, outro causador do aquecimento global. Assista no vídeo acima.

Nesta reportagem, você vai ler sobre:

Do que a pecuária é cobradaComo a alimenta??o pode reduzir emiss?o de metanoA técnica que produz mais carne em menos terraPlanta??o e pasto integrados

Do que é pecuária é cobrada

No Brasil, a agropecuária é a segunda maior fonte de emiss?o de gases de efeito estufa (26%). A primeira é o desmatamento (48%), que tem, como algumas de suas causas, a convers?o de vegeta??o em áreas de pastagens (saiba mais aqui).

Esses dados s?o do Sistema de Estimativas de Emiss?es e Remo??es de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, e se referem a 2022, último período em que essas informa??es foram atualizadas.

Naquele ano, o rebanho bovino brasileiro produziu 14,2 milh?es de toneladas de metano, o que corresponde a 70% de todo o CH4 emitido pelo Brasil.

Boi emite metano pelo arroto

Alimenta??o do boi e o metano

Por ter um grande território, o Brasil cria 95% do seu rebanho em pastos e, por isso, a base da alimenta??o dos bois do país é o capim, que é rico em fibras.

"Tudo o que o animal come vai gerar metano. Mas, quanto mais fibrosa for a dieta, maior vai ser a produ??o de metano por quilo de alimento consumido", diz o especialista em nutri??o bovina Sergio Raposo Medeiros, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na unidade Pecuária Sudeste.

Existem formas de reduzir a forma??o de CH4 no processo de digest?o.

Na Fazenda Santa Rita, além de capim, os bois recebem uma suplementa??o alimentar, ou seja, uma ra??o na qual s?o acrescentados aditivos que diminuem a quantidade de bactérias metanogênicas no rúmen do boi.

"Existe uma vasta gama de op??es de aditivos com o potencial de reduzir a produ??o de metano [durante a digest?o do boi]. A gente pode utilizar aditivos ionóforos, n?o ionóforos, óleos essenciais, algas, taninos", conta o pecuarista Braz Peres Neto, da Fazenda Santa Rita.

Em sua propriedade, ele utiliza os ionóforos, que s?o substancias usadas em doses muito pequenas na ra??o.

Segundo o pecuarista e o pesquisador da Embrapa, os aditivos têm uma dupla vantagem: além de reduzirem a produ??o de CH4 no rúmen, contribuem para o boi ganhar peso.

Isso se explica pelo seguinte: quanto mais metano um boi produz, mais energia ele perde. Portanto, quando o pecuarista usa aditivos para reduzir a produ??o desse gás, o boi, consequentemente, vai ter menos perda energética.

A suplementa??o alimentar na Fazenda Santa Rita conta com proteínas, como o farelo de soja, e carboidratos, como o milho moído, além de sais minerais.

Segundo Braz, esse "plus" na alimenta??o é importante para fazer com que o boi chegue, em menos tempo, ao peso ideal de abate, que é de, no mínimo, 550 kg.

Frase 1 - Ciclo de vida do boi - Braz Peres Neto

No Brasil, o boi demora três anos, em média, para chegar ao peso ideal de abate. Mas, com uma suplementa??o alimentar aliada a técnicas de melhoramento genético, é possível ter um boi gordo em apenas dois anos, dois anos e meio, diz Braz.

Produzir mais carne em menos terra

Outra técnica que pode melhorar o desempenho animal e, ao mesmo tempo, preservar o solo e evitar o desmatamento é a intensifica??o de pastagem.

Nesse sistema, o pasto é divido em vários piquetes, ou seja, áreas menores, e o pecuarista vai mudando o gado de lugar à medida que o capim vai acabando. Na Fazenda água Preta, em Cocalinho (MT), eles fazem uma rota??o a cada sete dias.

O capim novo - e bem cuidado - possui menos fibra, o que também ajuda a reduzir a produ??o de metano durante a digest?o bovina, destaca Medeiros, da Embrapa.

Intensifica??o da pastagem

“A intensifica??o de pastagens nada mais é do que ter o maior número de animais por hectare, produzindo a mesma quantidade ou mais de quilos [de carne] por dia do que uma área de pastejo convencional", diz Jo?o Paulo Massoneto, que administra a Fazenda água Preta.

"é um sistema que permite um uso mais eficiente do solo e das áreas que já est?o consolidadas, evitando ou diminuindo a press?o de desmate", acrescenta.

Além disso, na intensifica??o, o pecuarista n?o pode deixar o pasto degradar, já que os bois sempre v?o voltar para a mesma área. é por isso que, nesse sistema, o solo e o capim recebem os mesmos cuidados que os de uma planta??o, como adubos e técnicas de corre??o.

Aliás, essa é uma tendência de um processo de profissionaliza??o pelo qual a pecuária vem passando nos últimos 40 anos, ressalta o pesquisador Moacyr Bernardino Dias Filho, da Embrapa Amaz?nia Oriental.

Para ele, se, a partir de meados dos anos de 1980, recuperar pastagem passou a ser uma preocupa??o dos pecuaristas, de 2000 em diante, aumentou o interesse deles em preservar os pastos. Segundo Dias Filho, além disso ser mais sustentável, custa menos.

Frase 2 - Recupera??o de pastagem

Planta??o e pasto integrados

Uma pastagem bem conservada, onde há uma renova??o constante de vegeta??o, também contribui para o sequestro de carbono da atmosfera.

Sequestro de carbono

é por isso que, quanto mais plantas, maior é a captura de carbono e, portanto, maior também é a qualidade do ar.

Existem outras formas de produ??o de alimentos que têm potencial de sequestrar carbono, como a Integra??o Lavoura-Pecuária (ILP) e a Integra??o Lavoura-Pecuária Floresta (ILPF).

Pecuária Integrada

Na viagem por Mato Grosso, o g1 conheceu um sistema de ILP que alterna soja e pecuária na Fazenda água Viva, que também fica em Cocalinho.

O diretor da fazenda, Eduardo Pereira, explica que, nesse modelo de produ??o, a planta??o leva benefícios para a pastagem e vice-versa.

"A soja fixa nitrogênio, que é um importante nutriente para o sistema de produ??o, principalmente para a forragem, para a pastagem", diz Pereira.

Além disso, ele explica que as raízes dos capins s?o, normalmente, mais longas que as da soja, o que faz com que a planta consiga obter água e nutrientes das partes mais profundas do solo.

Outra vantagem é que, assim como na intensifica??o de pastagem, os sistemas integrados reduzem a press?o por desmatamento. Numa mesma área, o pecuarista vai conseguir produzir mais, com a vantagem de poder diversificar a sua fonte de renda.

Créditos deste episódio da série 'PF: prato do futuro'

Coordena??o editorial: Luciana de OliveiraEdi??o e finaliza??o de vídeos: Gustavo Wanderley e Marih OliveiraNarra??o: Marih Oliveira e Paula SalatiReportagem: Paula SalatiProdu??o: Paula Salati e Giovana ToledoRoteiro: Paula SalatiCoordena??o de vídeo: Tatiana Caldas e Mariana MendicelliCoordena??o de arte: Guilherme GomesDire??o de arte e ilustra??es: Ana Moscatelli, Barbara Miranda, Bruna Rocha, Luisa Rivas, Vitoria Coelho e Veronica MedeirosFotografia: Gustavo Wanderley e Idelson Gomes da SilvaMotion Design: Veronica Medeiros

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