'Vale tudo': grávida, Fátima é alvo de ataques. Entenda
Os c?es usam a boca e a língua para 'enxergar' o mundo e se comunicar; entenda como! Comportamento Vida de Bicho.txt
De forma complementar ao olfato,?esusamabocaealíloteria caixa aposta a língua auxilia os c?es a perceberem o mundo ao seu redor — Foto: Unsplash/ laulaco/ Creative Commons Alguns dos comportamentos mais comuns em c?es incluem a lambedura, já percebeu? é habitual, por exemplo, vermos c?es lambendo os seus tutores, seus brinquedos ou o próprio focinho. N?o à toa, o uso da língua está relacionado à percep??o do mundo por estes bichos. Apesar de terem cerca de 10 vezes menos papilas gustativas que o ser humano, o paladar é um importante sentido para os c?es e os ajuda a recolher informa??es e "enxergar" melhor o mundo. Mas diferentes lambidas têm diferentes significados. Para entender cada um deles, o Vida de Bicho conversou com Fabio Nakabashi, médico-veterinário mestre em psicologia experimental e análise do comportamento; e Daniel Svevo, médico-veterinário comportamentalista e adestrador. Confira! Continuar lendo Lamber para entender De acordo com Fabio, as principais finalidades da língua na vida canina est?o relacionadas à alimenta??o, apreens?o, mastiga??o, umidifica??o e degluti??o dos alimentos. “A língua tem uma fun??o especial na ingest?o de água, formando uma espécie de concha para levar a água para a cavidade oral”, comenta o médico-veterinário. Segundo ele, cachorros n?o serviriam para serem "masterchefs de cozinha", uma vez que possuem um número consideravelmente menor de papilas gustativas, quando comparado ao de seres humanos. Embora tenham os mesmos tipos de papilas gustativas que os seres humanos (filiformes, fungiformes, foliadas e circunvaladas), o número é aproximadamente dez vez menor nessa espécie — Foto: Freepik/ Creative Commons Mesmo com um paladar menos desenvolvido que o humano, o sentido atua complementando o olfato — este, sim, extremamente potente para a espécie. “Os c?es usam o olfato para detectar os compostos químicos voláteis presentes em alimentos e outros objetos, e o paladar ajuda a complementar essa informa??o sensorial”, diz Daniel. Ao provar um alimento, por exemplo, o cachorro recebe informa??es sobre o seu sabor, textura e temperatura. Elas s?o combinadas com as informa??es olfativas que ele recebe dos compostos químicos voláteis presentes na comida. “Juntos, esses sentidos ajudam o c?o a determinar se um alimento é seguro para comer e se é algo que ele gosta. Além disso, quando est?o farejando algo, eles muitas vezes colocam a língua para fora e lambem o ar para pegar partículas de odor”, explica Daniel. Diferentes tipos de lambida possuem diferentes significados — Foto: Pexels/ Leeloo Thefirst/ Creative Commons Desta forma, o paladar ajuda a complementar a informa??o olfativa, permitindo que o animal obtenha uma imagem mais completa do objeto que está farejando. Combinados, olfato e paladar s?o essenciais para o sistema sensorial dos c?es e desempenham um papel crítico em sua capacidade de interagir com o mundo ao seu redor.? Significados da lambida Nem todas as lambidas possuem o mesmo significado. Para além da percep??o do mundo, o comportamento também atua como uma forma de comunica??o entre os c?es — como n?o conseguem falar, usam também a língua para se expressar. Filhotes Com filhotes, por exemplo, a lambida está relacionada à limpeza e às necessidades básicas do pet. “A m?e lambe vigorosamente o recém-nascido para estimular a respira??o/batimento cardíaco, defeca??o/mic??o, retirada de líquidos das vias respiratórias e limpeza das fezes e urina. Os filhotes praticamente só possuem um movimento para adquirir a comida, sugar”, explica Fabio. A lambedura em filhotes está associada à limpeza e outras fun??es — Foto: Unsplash/ kvda1970/ Creative Commons Segundo ele, depois do desmame é comum ver filhote lamber a boca da m?e em busca de algum alimento que ela possa regurgitar. Cachorro lambendo outro c?o Entre adultos, quando a lambedura é na boca de outro c?o, pode ser um sinal de "bandeira branca": “Há c?es que lambem a boca de outros animais como uma maneira de mostrar que eles n?o querem confus?o. Isso pode significar um convite para brincadeira ou até uma submiss?o”, diz Daniel. Cachorro lambendo o tutor A submiss?o ao tutor também pode ser expressa através da lambedura. Mas, aqui, outros fatores podem estar envolvidos. “Normalmente, os c?es aprendem que, ao interagir lambendo, eles v?o ganhar uma brincadeira ou aten??o”, explica Daniel. Se o tutor refor?a esse comportamento, presenteando o cachorro com carinho, aten??o ou brincadeira após a lambida, ele vai se sentir estimulado a agir assim quando estiver em busca dessas recompensas. Ao lamber o tutor, o cachorro entende que ganha a sua aten??o e passa a repetir o comportamento — Foto: Unsplash/ Ashley Levinson/ Creative Commons Estamos falando de um comportamento que muitos tutores gostam, mas merece aten??o caso a pele esteja desprotegida de alguma forma. “O c?o n?o deve lamber regi?es mucosas ou feridas dos humanos. Apesar de um animal saudável n?o transmitir diretamente uma zoonose pela lambida, a mucosa oral dos pets podem incluir bactérias que n?o fazem parte da nossa microbiota (por exemplo, a Pasteurella sp) e vice-versa”, alerta Fabio. Se a pele do tutor está íntegra, a lambedura está permitida — mas lembre-se de fazer a higiene depois! Muitos se perguntam se a lambida seria o beijo do c?o — o famoso "lambeijo" —, e estaria, portanto, relacionado ao afeto. A rela??o é polêmica porque antropomorfiza o animal, algo que a ciência e os estudiosos procuram evitar. Na vis?o dos especialistas, n?o se trata necessariamente de um beijo, e, sim, de algo mais relacionado, realmente, à recompensa. A mesma ideia vale para quando o animal lambe o comedouro, por exemplo. Ele entende que, se fizer isso, pode ganhar comida devido ao refor?o promovido pelo tutor. Cachorro lambendo a pata A lambedura da pata está relacionada a um alívio do estresse ou a um comportamento refor?ado pelo tutor — Foto: Unsplash/ chelsea777/ Creative Commons No caso da lambedura das patas, o comportamento está mais associado a uma forma de extravasar a energia e desestressar. “Isso pode ser um indicador de algum problema de bem-estar, no qual o c?o extravasa lambendo as patinhas. é um comportamento que pode se tornar compulsivo”, alerta Daniel. Mas, às vezes, trata-se apenas de uma busca de aten??o do tutor — que, quando nota que o c?o está lambendo as patas, intervém. O animal entende que, assim, será notado pelo tutor e passa a repetir a a??o. Cachorro lambendo o focinho Outro tipo de lambedura comum é a do focinho, que muitos tutores n?o entendem. Mas Daniel explica que é um comportamento apaziguador — uma maneira de mostrar que eles n?o querem confus?o. “às vezes o tutor dá uma bronca no cachorro e ele lambe o focinho na tentativa de dizer 'olha, eu n?o quero confus?o. Está tudo bem, fica calmo'. Isso pode existir e é uma maneira dos c?es se comunicarem n?o só com os tutores, mas também entre si. Eles entendem esse tipo de sinal.” Lamber o nariz, para c?es, é uma forma de dizer que n?o se quer confus?o — Foto: Unsplash/ pupscruffs/ Creative Commons Cachorro lambendo a ferida Já se falou muito sobre propriedades cicatrizantes da lambida ou da saliva dos c?es, mas, segundo Fabio, isso é apenas um mito. “Apesar da presen?a de proteínas chamadas histatinas, que inibem a reprodu??o de bactérias, a saliva canina n?o ajuda a cicatrizar. A lambedura de feridas por c?es é, basicamente, a limpeza mecanica da ferida contra sujidades”, explica. O comportamento se torna prejudicial quando ocorre em uma frequência muito alta, compulsivamente, e leva a uma dermatite psicogênica. “Nesse caso, é preciso cuidar, sen?o a ferida n?o sara. Normalmente, é necessário o uso do colar elisabetano”, orienta Daniel. Lamber a ferida, caso o comportamento ocorra com frequência, pode ser prejudicial à cicatriza??o e demandar interven??o dos tutores e do médico-veterinário — Foto: Unsplash/ realnaturesfood/ Creative Commons Ele diz também que é preciso entender qual é a causa primária dessa lambedura, já pode surgir em decorrência de uma ferida prévia e, assim, aumentar a frequência; ou também derivar de uma compuls?o instalada por um problema de bem-estar. “O c?o pode n?o ter atividade suficiente, ent?o come?a a se lamber e a ferida se forma depois”, explica Daniel. Se essa for a situa??o, o ideal é levar o bicho ao médico-veterinário para entender a causa da lambedura, interromper a compuls?o e tratar a ferida. Lambedura excessiva: o que fazer? A lambedura excessiva pode denunciar um problema emocional e de saúde e deve ser avaliada por um médico-veterinário — Foto: Unsplash/ Fredson Silva/ Creative Commons A lambedura excessiva (ou seja, praticada com muita frequência) pode ser sinal de alguns problemas físicos ou comportamentais. “Caso o c?o esteja com alguma dor ou coceira em determinada regi?o, a lambedura será um sinal, assim como tentamos massagear o local de dor ou passamos a unha quando co?a”, explica Fabio. Ele diz que há também uma doen?a específica chamada dermatite por lambedura acral, que apesar de ainda ter uma causa incerta, sabe-se ter um componente psicogênico envolvido — como estresse, depress?o, tédio, etc. “A lambedura se torna compulsiva e o tratamento envolve mudan?as ambientais e terapia com psicotrópicos. Sabe-se que o ato de lamber pode liberar endorfinas nos c?es, e isso nem sempre é algo benéfico”, informa o médico-veterinário. Leia mais O que significa quando o cachorro come?a a lamber a própria pata? Cachorro lambendo o tutor: o que significa esse comportamento? Demonstra??o de carinho? Entenda o que significa o 'lambeijo' canino
