Após mortes de on?as-pintadas atropeladas, Estado anuncia investimento de R$ 23 milh?es para aumentar seguran?a no entorno do Morro do Diabo
Trump traz nova ‘moldura’ ao comércio internacional Rumos 2025 Valor Econ?mico.txt
Fernanda Godoy (esq.) conduziu debate com Lia Valls,érciointernacionalRumosValorEcon?descargar bet365 android apk da Uerj; Livio Ribeiro, da BRCG; Luiz Castro Neves, do CEBC; e Marcos Caramuru, do Cebri — Foto: Rogerio Vieira/Valor A “nova ordem” do comércio global, que se desenha desde que o presidente Donald Trump assumiu a Casa Branca com ênfase em barreiras tarifárias, deve exigir novas movimenta??es do Brasil, segundo especialistas em economia e rela??es exteriores. Para a maioria dos participantes do debate conduzido pela editora Fernanda Godoy, do Valor, no evento “Rumos”, o governo brasileiro deve adotar uma atitude de prudência e negocia??o com os Estados Unidos, sem esquecer que há oportunidades de negócios com parceiros estabelecidos, como a China. Na vis?o de Marcos Caramuru, embaixador do Brasil na China entre 2016 e 2018 e conselheiro internacional do Centro Brasileiro de Rela??es (Cebri), as medidas de Trump trazem uma desorganiza??o da “moldura” do comércio internacional, com consequências ainda imprevisíveis. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({ mode: 'organic-thumbs-feed-01-stream', container: 'taboola-mid-article-saiba-mais', placement: 'Mid Article Saiba Mais', target_type: 'mix' }); “A ideia que tínhamos dos rumos dados pela OMC [Organiza??o Mundial do Comércio] ou pelos acordos anteriormente atingidos n?o existirá mais”, diz. “é difícil fazer um cálculo [sobre os efeitos das medidas tarifárias] porque, entre os países, alguns reagir?o e outros n?o. A forma como todos v?o agir ainda n?o está clara.” Nunca ninguém pensou que a tarifa de hoje é uma e amanh? será outra” — Lia Valls Pereira Caramuru espera uma nova organiza??o das cadeias de suprimento. “Até recentemente, discutíamos as medidas tomadas pelo governo Biden sobre como trazer elementos políticos à organiza??o das cadeias de valor, com conceitos como ‘nearshoring’ [parcerias com países próximos] ou ‘friendshoring’ [com aliados] que, de repente, desapareceram”, diz. “Aparentemente, os EUA querem atrair investimentos, se tornar um grande país manufatureiro e atrair cadeias de valor, o que pode mudar a realidade global.” Ao mesmo tempo, lembra Caramuru, há outra regi?o do mundo onde os elos econ?micos est?o tracionados: a ásia. “De 2020 a 2024, o comércio total entre a China e a ASEAN [Associa??o das Na??es do Sudeste Asiático, grupo que reúne dez países membros, como Indonésia e Singapura] aumentou de US$ 680 bilh?es para US$ 980 bilh?es, uma consequência do fortalecimento dessas conex?es.” Os números provam que a posi??o da China no xadrez global pode mudar o ritmo do “jogo”, continua o especialista. A retomada do crescimento do consumo no gigante asiático tende a aumentar o protagonismo comercial de Pequim, ajudando a reduzir a dependência da Europa e da própria China, em rela??o aos EUA. Agora a tarifa é utilizada como um forma de press?o geopolítica” — Livio Ribeiro Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China e ex-embaixador do Brasil no Jap?o, na China e no Paraguai, também vê chances de novas fileiras de comércio. “O centro de gravidade do poder mundial se deslocou para a ásia e hoje a China é o nosso principal parceiro comercial”, diz. O desafio do Brasil será descobrir a modalidade de inser??o que vai usar para influenciar a economia do mundo, acrescenta. “Boa parte do nosso posicionamento em rela??o a essas mudan?as tem muito mais a ver com a agenda interna do que apenas com a rea??o a medidas que vêm do exterior.” Lia Valls Pereira, chefe do departamento de análise econ?mica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Funda??o Getulio Vargas (FGV Ibre), também n?o minimiza o estresse estabelecido no comércio internacional a partir de Washington, mas vê outras op??es de fluxo de mercadorias. “Os contornos ainda n?o est?o definidos”, afirma. “Nunca ninguém pensou que a tarifa de hoje é uma e amanh? será outra. Isso é uma novidade até para quem atua no setor”, acrescenta, observando que o comércio exterior está acostumado a volatilidades, mas n?o dessa magnitude. O centro de gravidade do poder mundial se deslocou para a ásia” — Castro Neves é crítico saber qual será a linha de atua??o que o Brasil deseja adotar nessa situa??o, diz Pereira, concordando com o embaixador Castro Neves. “Antes, a nossa estratégia de política externa n?o estava clara”, avalia, em referência ao governo anterior. “Temos o nosso entorno, a América do Sul e os Brics. O governo e a sociedade precisam escolher o que querem fazer.” Livio Ribeiro, sócio da consultoria BRCG e pesquisador associado do FGV Ibre, destaca que a “guerra comercial” travada agora é bem diferente das anteriores. “Antes, havia um enfoque claro, econ?mico”, diz. “Dessa vez, a tarifa é utilizada como um instrumento de press?o geopolítica para coisas que n?o têm nada a ver com o comércio, como um avi?o de deportados da Col?mbia ou o envio, pelo México, de agentes para a fronteira americana.” Ribeiro comenta que os EUA est?o “ressuscitando” legisla??es das décadas de 1960 e 1970 que aumentam o poder executivo sobre a imposi??o tarifária, enquanto as taxa??es n?o s?o usadas apenas para diminuir o déficit público. “é parte de um plano maior de ‘reformata??o’, de como os EUA se relacionam com o mundo, de forma econ?mica, geopolítica e militar.” A ideia que tínhamos dos rumos dados pela OMC n?o existirá mais” — Marcos Caramuru O consultor prevê que o clima de instabilidade pode afetar, inclusive, os EUA. Como fazer investimentos ou criar uma estrutura produtiva, em projetos de dois, três anos, se n?o existe seguran?a se o nível tarifário será mantido na semana que vem?, questiona. “Na verdade, ele [o empresário americano] nem sabe a tarifa sobre mercadorias praticada no fim do dia.” Ao mesmo tempo, observa que a confian?a do consumidor nos EUA caiu de 105,3, em janeiro, para 98,3 em fevereiro, segundo dados do The Conference Board. O recuo mensal de sete pontos é o maior desde agosto de 2021. “A administra??o Trump completou 45 dias, mas parece que já tem quatro anos, com pelo menos seis ondas de medidas, em 20 dias”, compara Ribeiro. “Nesse sentido, antes do Brasil discutir o que vai negociar, é preciso entender em que ch?o estamos pisando e partir para negocia??es mais organizadas.”